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Amigos leitores, após anos traduzindo a primeira revista de Nick Fury, liderando então o seu "Comando Selvagem" durante a segunda guerra mundial, chegamos no momento que eu aguardava para apresentar a vocês: quando o escritor GARY FRIEDRICH e o desenhista JOHN SEVERIN assumem a série.
Todo gibi de longa duração tem várias fases, e todo leitor cita sua fase preferida e que considera a melhor da revista: o Quarteto Fantástico de John Byrne, o Demolidor de Frank Miller, o Thor de Walt Simonson, e aí por diante. Pois a melhor fase do Sargento Fury, para os leitores americanos é esta que começa nesta edição.
Você já deve ter visto nome de Gary Friedrich nos últimos três numeros da revista, mas nestes ele era mais responsável pelo texto, colocando palavras em histórias que estavam sendo criadas pelo próprio desenhista Dick Ayers. Ayers havia assumido a arte do Sargento Fury na edição 8, sem esquecer que foi o arte-finalista de Jack Kirby nos sete primeiros números. Em 1967 Ayers conseguiu que Stan Lee registrasse a marca "Ghost Rider", para que assim eles relançassem, como um novo personagem, uma antiga criação de Ayers no anos 40: o Cavaleiro Fantasma. O novo gibi seria lançado em base bimestral, o que permitiria a Ayers também se dedicar a outros dois gibis bimestrais de faroeste, Rawhide Kid e Kid Colt.
Ayers assim saiu da revista do Sargento Fury tanto para cuidar de um personagem que ele mesmo criara, quanto porque Stan Lee conseguira recrutar um nome que nos anos 60 já era grande, JOHN SEVERIN, que havia ilustrado muitas das famosas histórias de guerra da EC, quanto trabalhara em títulos de guerra da DC, e pouco antes havia participado da efêmera mas brilhante BLAZING COMBAT, para a Warren Publishing. Em termos de fama como desenhista de histórias de guerra, a popularidade de Severin só ficava atrás mesmo de Joe Kubert, o criador do Sargento Rock e tantos outros personagens memoráveis.
Assim, nesta edição 44, com a estreia do desenhista novo, Gary Friedrich também assumia a condição de criar inteiramene as histórias - embora nesse número 44 tanto Stan Lee quanto seu assistente Roy Thomas tenham colaborado, devido a ser uma história "de origem", pois diferente de muitas séries da Marvel, o Sargento Fury já começara a plena carga, sem uma origem definida. Friedrich vendo essa lacuna resolveu começar "pelo começo", e já chegou "causando", mostrando por exemplo que o comando selvagem nem sempre foi essa idílica "ilha de tolerância" em plenos anos 40, com o sulista Reb Ralston até demonstrando implicância racial com o comando afro-americano Gabriel Jones. E essa é apenas a primeira alfinetada política do inquieto autor, ainda na casa dos seus primeiros vinte anos, o mais jovem escritor então na Marvel - e que estava muito mais próximo da geração dos anos 60 do que Stan ou até seu amigo Roy Thomas, que era um pouquinho mais velho. Apesar de serem grandes amigos, Thomas era mais conservador, enquanto Friedrich era mais contestador - coisa que veremos nas próximas edições.
Fury deixaria de ser apenas uma revista de ação e aventura, para também refletir questões político-sociais envolvendo a guerra, seu contexto, e a sociedade dos anos 40. Estávamos já em 1967, e a juventude americana estava começando a ver a Guerra do Vietnã como um problema, não uma solução. Como um gibi de heróis de guerra poderia sobreviver nesse contexto onde o exército americano iria sofrer sua mais baixa popularidade em décadas? A revista do Sargento Fury tinha que mudar, tinha que ser mais madura, menos juvenil. E o jovem Friedrich foi a pessoa certa para esse trabalho.
Essa primeira edição da dupla ainda remete muito as edições passadas - bastante texto, diálogos espirituosos, uma típica missão heróica (embora seja a primeira missão) dos nossos soldados, com a dupla de escritor e desenhita reconhecendo o terreno por onde pisariam - no entanto já reparem que eles atiram muito mais do que "batem", e fica bem claro que na guerra era matar ou morrer. A "revolução" de fato começaria na próxima edição. Mas eis aqui um bom começo não só para uma nova fase, mas também para quem não gostava do sargento Fury até agora.
SE VOCÊ HAVIA DEIXADO DE LER ESSA REVISTA, se não gostava desse tipo de história, eu sugiro que nos acompanhe a partir de agora. A "pegada" agora será outra, tanto nas histórias quanto nos desenhos. A MELHOR FASE DO SARGENTO FURY SÓ ESTÁ COMEÇANDO, e o melhor está por vir. Bom divertimento.
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