Festa de aniversário no HQ Vintage! Há 50 anos chegava as bancas norte-americanas a revista CREEPY nº 01. E nada mais seria como antes nos quadrinhos norte-americanos.
Desde o fim da EC as histórias em quadrinhos de horror estavam banidas nos Estados Unidos. A criação do famigerado "comics code" (código de ética dos quadrinhos) as inviabilizava. Foi então que o empresário James Warren, fã das mitológicas revistas da EC (tais como Tales from the Crypt chamada por aqui de Cripta do Terror ou Contos da Cripta) bolou um meio de burlar a censura e devolver o terror as bancas.
A primeira revista de sua editora era uma magazine, isto é, uma revista no formato das revistas informativas e de entretenimento que há por aqui no Brasil como Veja, Contigo, etc. "Famous Monsters of Filmland" era uma revista sobre filmes de terror que logo caiu no gosto dos leitores. Além das matérias e muitas fotos, com o tempo a revista passou a trazer até histórias em quadrinhos!
Foi então que Warren percebeu que por não serem "comics books" (revistas em quadrinhos), esse tipo de quadrinho ao ser publicado numa magazine não precisava passar pelo comitê de censura das editoras de quadrinhos. Assim as hqs podiam ser publicadas sem restrições.
O passo lógico foi algo inusitado no mercado norte-americano daquela época: uma magazine trazendo só histórias em quadrinhos! Em preto e branco, custando o triplo dos comics books menores mas coloridos, era vendida nas prateleiras das revistas normais, como Time, Life, People, e tantas outras cotidianas nos Estados Unidos.
Assim Warren mudou a cara dos quadrinhos norte-americanos, criando um segmento de revistas e histórias que miravam um público "mais maduro" do que o comum dos gibis naquela época presos aos super-heróis e revistas cômicas infantis. O sucesso da Creepy foi tal que logo gerou uma irmã mais nova, a Eerie. Ambas acabaram fornecendo material, no Brasil, para a criação da famosa KRIPTA, lançamento da RGE que foi um sucesso na segunda metade dos anos 70. O nome "Kripta" de fato foi bolado como aproximação fonética do Creepy da Warren.
Foi em virtude do sucesso da Warren que a própria Marvel, nos anos 70, ia lançar uma enxurrada de revistas magazines sem as restrições do comics code, muitas delas de terror, e a mais bem-sucedida bastante conhecida por aqui, a Espada Selvagem de Conan. Por conta da pequena revolução iniciada por Warren por muitos anos, quadrinho em preto e branco seria considerado sinônimo de quadrinhos adultos nos Estados Unidos - não a toa comics como Walking Dead optaram pelo preto e branco tamanha essa tradição.
E tudo começou aqui, com a Creepy número 01, finalmente com scans em português na internet, na íntegra e padrão vintage. Bom divertimento.