sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Vampire Tales v1 01 - A Marvel expande seu domínio dos vampiros!

 


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Dia de mais um relançamento no HQ VINTAGE. Vampire Tales nº 1, de agosto de 1973, já havia sido lançado pelo grupo Era Marvel, e essa revista que apresentamos aqui, com as traduções e diagramações deles, com um acréscimo: traduzimos o editorial e os dois artigos que acompanhavam a edição. Também demos uma editada pra deixar todas as páginas com o mesmo tamanho (coisa de toc, ahah). 

Essa revista é mais uma da tentativa da Marvel de dominar o mercado das comic magazines (revistas em formato grande e preto e branco) nos anos 70. Essas revistas de destacavam por não serem gerenciadas pelo comics code, e também por trazerem textos além de quadrinhos. Por isso acho traduzi-los tão importante. 

Falando da edição, além da história de MORBIUS (que recentemente ganhou um filme, o qual não vale a pena nem comentar), escrita por Steve Gerber e desenhada por Pablo Marcos, temos aqui a primeira adaptação do conto "O Vampiro", de John Polidori, para os quadrinhos que já vi até agora; esse conto pra quem não sabe, é o verdadeiro nascimento literário da vampiro, publicado em 1816, precedendo portanto a novela "Carmilla" e em muitos anos o romance Drácula. 

Outra hq digna de nota é uma parceria bem inusitada entre Gardner Fox, um dos autores mais presentes da Era de Ouro e de Prata dos Quadrinhos (principalmente na DC), com Jordi Bernet, isso mesmo, o co-autor de Torpedo 1936, numa história de terror que os gibis coloridos da época com certeza não permitiriam. Temos também uma história de Lobisomem (numa revista de vampiros, vá entender), mas a arte de Bill Everett está macabramente boa. Outra pérola da era de ouro do terror (os anos 50) resgatada é "Satanás pode esperar!", de Paul Reinman.

Os artigos são "Os piores filmes de vampiro de todos os tempos" (isto é, os piores até aquele ano de 1973, né) e "O Vampiro: seus amigos e parentes", a primeira parte de um longo resumo do livro do mesmo nome de Montague Summers que foi publicado no início do século XX e que levava o assunto A SÉRIO mesmo - não como ficção, é isso mesmo que você leu!

Então sem mais delongas, se você já leu, aproveite pra ver o que nós mudamos, e se você não leu ainda, parabéns, vai ver a revista completinha. Bom divertimento. 


domingo, 3 de agosto de 2025

A primeira aparição do Capitão Átomo!

 


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Hora de comemorar outro aniversário no HQ Vintage! Em 2025, o Capitão Átomo, um dos mais conhecidos super-heróis da extinta Charlton Comics está comemorando 65 anos... Então eis aqui a edição NA ÍNTEGRA da sua primeira aparição!

Pra vocês terem uma ideia da importância dessa hq, vamos situar o leitor no contexto histórico: estávamos no começo de 1960... A Marvel Comics ainda não se chamava assim, nem mesmo haviam lançado ainda o Quarteto Fantástico e outros de seus famosos super-heróis! Mas a DC já havia dado início a ERA DE PRATA, com o relançamento do Flash e do Lanterna Verde, e apresentando também novos heróis como Desafiadores do Desconhecido, Adam Strange, Rip Hunter, Caçador de Marte e etc. Superman e Mulher-Maravilha haviam sido reformulados. Super-Heróis estavam voltando a moda após um período em que a geração anterior havia preferido quadrinhos de faroeste e terror... 

A Charlton, assim como a Marvel, era uma editora que seguia tendências, e viu esse bonde andando. E resolveu tentar também. Eles já haviam lançado super-heróis na Era de Ouro dos quadrinhos - inclusive o primeiro deles se chamava "Yellow Jacket", isso mesmo, Jaqueta Amarela. Mas quando quadrinhos de super-herói deixaram de vender no final dos anos 40 eles foram abandonando o gênero. Mas agora a tendência tinha voltado. Então o editor Pat Massuli pediu ao roteirista principal da casa, JOE GILL (que escreveu todas as histórias desta edição) para inventar um novo herói.

Ora, acontecia a ERA ATÔMICA. Toda hora na televisão se falava de novos testes nucleares. Os efeitos da radiação eram desconhecidos, e geravam cada vez mais histórias de ficção científica, principalmente no cinema. Gill achou que um herói "atômico", de origem igualmente atômica, poderia ser um conceito que a garotada abraçasse. Assim surgiu o CAPITÃO ÁTOMO. 

E quem foi seu desenhista, o co-criador que elaborou seu visual? É um nome que você conhece... STEVE DITKO! Isso mesmo, dois anos antes de co-criar o Homem-Aranha, Ditko já estava fazendo história nas histórias em quadrinhos, co-criando seu primeiro super-herói! Seu design de página e escolhas de foco narrativo nessa história, aliás, foi algo que me chamaram a atenção e um dos motivos porque queria lhes apresentar essa revista. Ditko estava a frente de seu tempo, e não é a toa que tantos autores prestigiados (como Alan Moore) pagaram pau pro cara. É só comparar a história de Dikto com as outras duas da revista (desenhadas por Bill Montes e Bill Molno) que se vê que no staff de autores menores que trabalhava pra Charlton, Ditko se destacava. 

A Charlton era conhecida por ser uma editora de "baixa qualidade", principalmente no sentido que imprimia suas revistas em papel barato e péssima impressão. Uma das mostras da falta de cuidado editorial você já vê nessa edição, onde embora na capa o Capitão Átomo apareça com seu primeiro uniforme amarelo, no interior da história o uniforme foi colorido de azul! Ou o colorista não havia recebido as instruções corretas, ou o editor ainda não havia se decidido sobre o visual do personagem - mas a partir da edição 34 de "Space Adventures" na sua primeira fase, o Capitão Átomo vestiria esse uniforme amarelo da capa mesmo. 

Assim como se tornou padrão na Marvel depois (com Thor em Journey into Mystery e Homem de Ferro em Tales of Suspense), a Charlton também usou suas revistas de ficção científica pra lançar seus super-heróis, aqui no caso a mencionada SPACE ADVENTURES, uma das dezenas de titulos do gênero que existia na época, que vinha na onda da popularidade de filmes B de ficção científica, na segunda metade dos anos 50. 

Naquela altura do campeonato, a Charlton ironicamene era maior que a editora onde trabalhava Stan Lee, que em 1957 havia sofrido um processo de falência, e cortado todos os seus funcionários, com exceção de quatro. Stan tinha que trabalhar basicamente só com free-lancers. A Charlton havia conseguido passar pelo "furacão" da perseguição contra os quadrinhos, muito porque muita da grana vinha de revistas de música (principalmente cifras para violão e piano), que eram o verdadeiro ganha pão da editora (a Charlton era a principal editora de revistas de cifras para música nos EUA). Quadrinhos era apenas uma subdivisão. Também dizem as más línguas que na verdade a Charlton era uma operação de lavagem de dinheiro. A editora era de propriedade de italianos, e pelo menos um deles tinha ligação com a máfia. Essa denúncia só foi estourar nos anos 70, e a editora acabou falindo nos anos 80, com sua reputação manchada - embora as investigações não tenham dado em nada. 

Apesar da qualidade editorial questionável, a Charlton acabou desempenhando papel importante no mercado de quadrinhos americanos. Muitos dos nossos autores preferidos começaram suas carreiras na Charlton, onde receberam sua primeira chance de aparecer - é o caso não só de Ditko, mas de JOHN BYRNE, por exemplo. Por ser uma editora que pagava menos, a Charlton acabava contratando muitos novatos. E alguns deles de fato brilhariam. 

No entanto, o maior legado da Charlton são mesmo seus super-heróis, embora talvez eles não sejam de fato tão conhecidos, seus derivados foram. Quando a DC, nos anos 80, comprou os super-heróis da Charlton, Alan Moore foi incubido de bolar uma história usando eles. Essa história seria WATCHMEN... Mas como o que Moore queria fazer era algo tão drástico que os tornaria inutilizáveis no longo prazo, os editores pediram que Moore os substituísse por análogos. E é por isso que o Capitão Átomo virou o Dr. Manhattan. Repare nessa revista como Moore se inspirou na história do Capitão Átomo original para criar o seu herói derivado  - e as diferenças com a origem pós-crise do novo Capitão Átomo apresentado pela DC. Repare que originalmente o General Eiling - chamado aqui de "Eining" era um aliado e amigo do Capitão!

Aliás, todo gibi ecoa muita propaganda militar pró-EUA e da guerra fria ideológica que ocorria na época. Não apenas o Capitão Átomo que já surge como um herói literalmente a serviço das forças armadas (ao contrário da "iniciativa particular" dos super-heróis tradicionais), como na primeira história "Flagelo Galáctico" as "forças espaciais da ONU" afirmam que sua função é "varrer o mal do universo", encarnando o espírito intervencionista dos EUA em outros países na época; bem como enfrenta outra potência pela disputa de um planeta a ser colonizado no universo na terceira e última história "O Planeta Cativo". 

Fazer esse gibi deu um trabalho danado, devido a não termos disponível uma reconstrução de arte feita pela própria editora - e uma das razões porque tenho adiado fazer essa revista por tantos anos, esperando por scans de melhor qualidade. Mas não queria deixar mais esse aniversário redondo passar batido, então com a ajuda da Dashiro (do Dashiro Scans, colaboradora da Era Marvel) e do Scott Free, foi feito um trabalho de restauração, pra tornar a revista mais aprazível. Decidi incluir todas as páginas, até as propagandas, para que você tenha a noção exata do que era um gibi da Charlton, lançado em 1960, naquela época em que Era de Prata ainda apenas engatinhava. Uma verdadeira viagem no tempo...

Ah, e a propósito, todas as aventuras do Capitão Átomo original e dos demais super-heróis da Charlton se passam na TERRA 4, na continuidade pré-Crise. Bom divertimento.