sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O CRIME NÃO COMPENSA - A revista que se espremesse saia sangue!

 


Clique AQUI para baixar


Dando continuidade as comemorações dos 10 anos do HQ Vintage, e também um presente de natal para nossos leitores, eis a primeira edição de CRIME DOES NOT PAY (O Crime Não Compensa), que comemorou agora em 2022 80 anos da sua publicação original, lançada em julho de 1942. A revista chegou a ter histórias publicadas aqui e acolá por diversas editoras brasileiras, principalmente a La Selva (que até tentou lançar uma revista com o título "O Crime Não Compensa", mas ficou só no número 01), lá nos anos 50. 


O fato é que CRIME DOES NOT PAY foi um dos maiores SUCESSOS na história da indústria dos quadrinhos. No seu auge, chegou a vender 2 milhões de exemplares (!), criando a tendência dos quadrinhos policiais (ou de crime, como chamam os americanos). O motivo do sucesso é que embora inicialmente mirando nas crianças, que era tido como o único público consumidor de quadrinhos em 1942, logo até adultos estavam comprando a revista.


Não era pra menos: Crime Does Not Pay é basicamente como um NOTÍCIAS POPULARES em quadrinhos. É a imprensa policial com todo seu sensacionalismo, uma versão ilustrada dos típicos jornais marrons que se diz por aí que "se espremer sai sangue". Pois as histórias desse gibi eram baseados em notícias publicadas nos jornais da época. Com os Estados Unidos recentemente saído dos anos do banditismo da época da Lei Seca e da Grande Depressão, material de pesquisa e bandidos mitológicos era o que não faltavam pra encher as páginas. 


Tal sensacionalismo, que beirava ao mau gosto, gerou alguma das imagens mais violentas publicadas nos quadrinhos da Era de Ouro. E por isso mesmo era um dos principais alvos da cruzada anti-quadrinhos que ocorreu nos anos 50. Uma imagem inclusive muito famosa exibida na comissão de investigação sobre os quadrinhos, de uma mulher tendo o olho espetado por uma agulha - que muita gente erroneamente atribui a algum quadrinho da EC - na verdade foi tirada diretamente de uma das histórias de CRIME DOES NOT PAY. 


Esse tipo de história acabou atropelando os inocentes super-heróis, pois a violência dos quadrinhos de crime e terror atraia as crianças da época mais ou menos como os videogames violentos de hoje em dia. Até o final dos anos 40, super-heróis sairiam de moda (com exceção dos "três grandes" da DC, que manteriam suas publicações), e dezenas, quiça centenas, de gibis de crime e terror infestaram as bancas. Pra entender melhor esse período, é que trazemos aqui pelo menos a primeira edição desse gibi que foi uma febre nos EUA, embora desconhecido hoje da maioria dos leitores brasileiros (não é a toa que desde 2012 a editora americana DARK HORSE republica essas histórias em volumões de luxo em capa dura, na coleção "Crime Does Not Pay Archives", de onde tiramos as imagens usadas na nossa edição).


Os mais atentos vão notar o número 22 na capa. Mas não se enganem. Antes a revista se chamava Silver Streak Comics e publicava super-heróis, dos quais o mais "conhecido" é o DAREDEVIL original. Depois que o personagem saiu da Silver Streak pra ganhar revista própria, a publicação começou a vender muito menos. A solução dos editores mudar a temática da revista, publicando ao invés de super-heróis um gênero inusitado ainda não testado nos quadrinhos: histórias reais de crimes! E se é pra mudar o conteúdo da revista, por que não mudar seu nome também? E assim nasceu a CRIME DOES NOT PAY.


Outra curiosidade é que você verá pelo menos um super-herói nessas páginas de Crime Does Not Pay, o "Águia Guerreira". Essa foi sua única aparição. Na verdade se tratava de uma historia programada para o número 22 de Silver Streaky Comics que não aconteceu. E como os editores precisavam fechar as páginas (e estamos falando de 68 páginas) ele acabou sendo incluindo também no número inaugural de O Crime Não Compensa. Mas na edição seguinte, Crime Does Not Pay traria apenas histórias sobre crimes e criminosos, conforme o plano original da editora. 


Muito mais coisas poderíamos falar sobre os editores Charles Biro (um dos grandes artistas e editores dos anos 40) e Bob Wood (que foi preso por matar uma namorada, esquecendo do lema do gibi que editava), ou da Comic House, a editora de Lev Gleason que publicava este e outros gibis marcantes da Era de Ouro. Quem quiser saber mais visite nosso grupo de chat do HQ VINTAGE no telegram, onde costumamos ter conversas sobre quadrinhos, além de outras publicações que compartilhamos. O endereço é https://t.me/hqvintagechat. 

Tenham um feliz natal e até a semana que vem!

2 comentários:

  1. obrigado por esse excelente presente de natal
    e FELIZ NATAL pra vc!!!!

    ResponderExcluir
  2. Olá amigo Nano, quero desejar a você e aos colaboradores do HQ Vintage, um ano de 2023, com muita saúde, paz, sucesso, prosperidade, a continuidade dos trabalhos desse grande blog, com muitos gibis para todos.

    Abraço

    ResponderExcluir