Clique AQUI para baixar
E chegamos a última edição da Cripta do Terror! Calma minha gente, o susto só foi pra entrar no clima do gibi! Na verdade, no número 20 (que na verdade é a quarta edição da Cripta), a revista mudou de nome para "Contos da Cripta", e doravante sustentou esse nome até o final.
Aliás, quero aproveitar novamente para esclarecer uma confusão que alguns leitores estão fazendo: A Cripta do Terror/Contos da Cripta NADA TEM A VER com a KRIPTA da RGE, nem com a "Cripta" da Mythos, publicada mais recentemente. The Crypt of Terror/Tales from the Crypt foi lançado nos anos 50 pela EC Publishing, e cancelada em 1955 devido a perseguição contra os quadrinhos de crime e terror. Esse material saiu no Brasil já nos anos 50 em várias publicações diversas, principalmente da editora La Selva, e somente foi republicado nos anos 90 em 7 edições da Editora Record com o nome "Cripta do Terror", mas acabou cancelada por baixas vendas. Não se sabe se todo material da EC de Terror foi realmente publicado no Brasil, há poucos registros do que foi publicado, e muitas lacunas.
Quanto a Kripta da RGE... Se trata de material das revistas americanas EERIE e CREEPIE (que a gente já publicava aqui no HQ VINTAGE), publicadas nos EUA pela Warren Publishing. Existem duas versões de porque os editores da RGE escolheram esse nome (Kripta). Uns dizem que foi por aproximação fonética com Creepy (pronuncia-se "cripi"), outros que foi realmente roubado da Cripta do Terrror da EC. Essa tradição de tentar se associar ao legado da EC, embora publicando material DIFERENTE é velha. Mais recentemente a editora Mythos lançou encadernados da EERIE chamando a publicação de CRIPTA (com C mesmo). Vale lembrar que com a série de TV "Contos da Cripta" (baseada em material da EC), tentar pegar carona no nome pareceu pra eles uma jogada de oportunidade.
Então, caro leitor, a não ser que você esteja se referindo aos sete números da Cripta do Terror da Record, não, você não tem a coleção da Cripta do Terror. A não ser que esteja se referindo a coleção da KRIPTA, mas essa é OUTRA revista. Ademais, a Record infelizmente nesses 7 números não publicaram nem 5% do material de terror da EC, então o que a gente tá publicando aqui é mesmo INÉDITO pra grande maioria (no Guia dos Quadrinhos inclusive só há registro de uma única história - "Loucura em Manderville", da edição 18 - ter sido publicada no Brasil destas três edições da Cripta do Terror que trouxemos até agora).
Esclarecimentos feitos vamos à edição: ela traz duas histórias de Johnny Craig, uma de Al Feldstein, e a estréia do desenhista GRAHAM INGELS na revista, num estilo de arte que na minha opinião envelheceu muito bem - e que vejo como inspiração de muitos artistas que trabalharam na VERTIGO, principalmente dos ingleses, mas também inspiração para um certo BERNY WRIGHTSON, acho que já ouviram falar do cara.
INGELS foi uma das maiores vítimas da perseguição contra os quadrinhos de terror. Conforme conta o editor Bill Gaines, "o estilo de Ingels era adequado somente para histórias de terror. Quando elas foram proibidas, ele não conseguia mais trabalho no mercado de quadrinhos". Ele acabou se tornando professor de artes numa cidade pequena dos EUA, dedicando seu tempo livre a aquarelas autorais. Nunca mais quis ser associado aos quadrinhos, e rejeitava até a visita de fãs. Um talento desperdiçado pelo fanatismo de pessoas manipuladas por políticos, educadores e religiosos oportunistas. Mas graças a internet, o que tentaram proibir, agora você pode conhecer. Bom divertimento.